A idéia que gerou o livro "música para..." agora continua em versão blog. Matérias, entrevistas, fotos, opiniões. O blog que contempla a música.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Para ver e ouvir

Por Josie Moraes

O cinema nacional acordou para a música. Tava na hora. Nossa terra adorada tem mesmo uma riqueza imensa de músicos-personagens cujas histórias são sucessos de bilheteria.

O novo DVD de Marisa Monte tem um documentário de turnê à altura do impressionante "Universo ao meu redor". Com aquela voz doce peculiar, Marisa conta mais sobre a indústria fonográfica e bastidores de sua carreira. Na verdade, o roteiro permite um passeio nos pensamentos da cabeça lúcida e profissional da reconhecida cantora brasileira. O documentário tem a proposta de mostrar que vida de músico é doce, mas não é mole não. É encantador para o fã ver a Marisa lavando o figurino na banheira do hotel. Assustador ver a quantidade de jornalistas fazendo as mesmas perguntas. É gostoso ver a seriedade dela diante dos shows. Uma artista, porém um trabalho.

"Fabricando Tom Zé" não é tão profundo e mostra bastidores da fase recente do cantor com depoimentos que contam um pouco mais sua história. Brilhante a iniciativa de quem fez acontecer, porque todo mundo já sabia que o Tom Zé é uma figura extremamente interessante em tudo que fala. Bastava ligar a câmera. Quem acompanha mais intensamente a carreira cantor, pode sentir falta de alguns elementos na apresentação da história. A fase de ostracismo ganha conclusões de Gil, Caetano e David Byrne. Mas a cena do surto Tom Zé em uma passagem de som em Montreaux (Suíça) vale mais do que qualquer outra para entender quem é Tom Zé e qual é o verdadeiro espírito da vanguarda e face da experimentação. Gênio sim, como tantos outros por aí.

O longa "Titãs – A vida até parece uma festa" revoluciona a linguagem de documentários. Vantagem de quem tinha uma câmera na mão e muitas ideias nos violões em outras décadas. Com ou sem linguagem inovadora, é muito bom poder ver música. Faltava. Assim como ainda falta biografias de brasileiros ilustres, um problema sério de ausência de registro documental para a posteridade. O mais importante é fazer não só para o fã de um personagem, mas sim para o brasileiro. É fazer o público de fato ver música. Enxergar o músico e, por trás dele, o Brasil.

Veja Marisa Monte falando sobre o DVD "Universo ao meu Redor"



sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Inédito



Um satélite na cabeça


Texto e fotos por Josie Moraes

No ano passado passei uns dias em Recife e Olinda colhendo material sobre o Carnaval de lá. Ia sair uma matéria de capa na RAIZ, mas no País da Ivete Sangalo, revista de cultura popular de raiz não fica em pé. Conversei com muita gente e respirei a preparação do Carnaval em Recife e Olinda semanas antes do evento.

Figuras muito especiais me receberam por lá. Aprendi que carnaval não é sexo, nem cerveja, nem bunda, nem peito, nem Globeleza. Carnaval é a nossa cultura ou um ritual anual de celebração das manifestações culturais de um País.
Como a matéria é grande demais eu deixo aqui trechos dela:

“Desde os festejos africanos, coroações de Congos e de toda origem do Carnaval, as ruas de Olinda mudam de aspecto. Talvez fascinem tanto olhares estrangeiros por apresentarem diversos carnavais em um só. É quase impossível tirar um cochilo num domingo à tarde, pois são tantas as orquestras, batucadas, zabumbas, ganzás, trompetes, pandeiros, misturadas que a cidade vira um imenso pólo de ritmos. Quem pensa que só vai encontrar o frevo, se engana. Forró, maracatu de baque solto e baque virado, coco, ciranda, afoxé, maxixe, cabloco, pastoril. Tudo ao alcance de uma esquina, numa dobrada de ladeira, num espaço cultural, na casa de mestres, na rua. Acessível e barato (...)"


“Festa maior que não se restringe apenas as duas cidades (Recife e Olinda), em todos os bairros em cada comunidade, turistas e o povo local se misturam e celebram uma fase quase mística em que, segundo Ranício Galvão da Ceroula de Olinda, até as folhas de palmeiras imperiais balançam de maneira diferente, mesmo sem vento (...)"

"Recentemente, o clube Homem da Meia Noite recebeu o prêmio de Patrimônio Vivo de Pernambuco e por isso recebe 1.500 reais mensais, uma verba importante que ajuda a manter o trabalho que ultrapassa o limite de um Carnaval de apenas cinco dias. “Quando chega uma pessoa aqui falando de dinheiro, parece formigueiro. Só que eu acho que as pessoas deveriam estar envolvidas com a questão sócio-cultural, deveriam ter bons valores”, diz Luiz Adolpho Alves e Silva, presidente do Homem da Meia Noite (...)"

"Na Capital, a descentralização – Um cartão postal de uma cidade que mistura a arquitetura e encanto de outras cidades numa só. Correria de São Paulo, calor de Salvador, arquitetura de Veneza, beleza de um Rio de Janeiro. Com o lema de Carnaval multicultural, espalha arte por diversos cantos. O folião também não paga nada para se divertir e ainda escolhe no cardápio o que o apetite do dia pede. A efervescência está mais borbulhante do que nunca, com infra-estrutura de cidade grande recebe muita gente que brinca nas duas cidades, de manhã em Olinda e a noite em Recife. Em 2008, foram 540 mil turistas recebidos pela cidade, movimentando mais de 200 milhões de reais.

Mas descentralizando é que se pode centralizar. Para administrar tanta diversidade de atrações a Prefeitura resolveu criar um esquema de pólos centrais e pólos descentralizados. “
Temos uma estética de Carnaval desde 2001, nosso objetivo era organizar e melhorar o que estava caído, o folião ressurgiu. Quando o prefeito João Paulo chegou a gente tinha três milhões de reais de verba para o Carnaval. Em 2008 a verba foi de 30,7 milhões de reais. Cultura é prioridade na gestão pública”, afirma Fernando Duarte Fonseca, presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife. (...)".

BOM CARNAVAL, BRASILEIROS!


Leia minha matéria sobre Homem da Meia Noite - Revista RAIZ

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Vale a pena_resenha

Existe vida pós-acústico

Por Josie Moraes, fotos de divulgação

Muitos acústicos marcaram o fim de bandas ou o começo de uma fase sem inovação. Nirvana, Cidade Negra (cadê?) e até Sandy & Júnior são exemplos. O novo álbum do Lenine, Labiata (Universal), quebra o mau presságio.

Mais do que isso. É uma prova de que fonte boa não seca. Trata-se de um álbum que mistura um pouco do belíssimo Falange Canibal com um pouco da fase mais madura e pé no freio de InCité. É um passeio na quebradeira característica do violão leniniano com a mistura de guitarras distorcidas, vioncelo, violino, surdo, piano safado, cavaquinho, reco-reco, zabumba, trompete e trombone. O álbum inteiro é belo, intenso, hibridizado.

Nas letras o lirismo aguçado de um observador de situações. Capaz de fazer um jogo de palavras como um pintor, cada pincelada se integra com o contexto. Em “É o que me interessa”, frases se completam numa poesia pura. Profundo. A lógica do vento, o caos do pensamento, a paz na solidão. A órbita do tempo, a pausa do retrato. A voz da intuição. A curva do universo. A fórmula do acaso”. Uma balada mais bonita do que a aclamada Paciência.

A primeira faixa “Martelo Bigorna” faz parte da trilha da novela global Caminho das Índias. Não é a primeira vez isso acontece. O que é bom alcança o povo. Que seja uma porta de entrada para o resto do trabalho. Cada elemento tem significado em uma obra de arte de verdade. Em entrevista, Lenine disse que Labiata é uma flor resistente, assim como a música brasileira. Eternidade para ele.

Agenda!
  • 22.02: Carnaval: Marco Zero - Recife, PE e Pau D'alho - Paudalho, PE
  • 23.02: Pólo Várzea - Recife, PE
  • 24.02: Vitória de Santo Antão, PE
  • 13.03: Chevrolet Hall - Belo Horizonte, MG
  • 14.03: Circo Voador - Rio de Janeiro, RJ
  • Depois segue para turnê na Europa.

Site oficial
Ouça na rádio UOL

A volta

Salve Salve!

O música para blog está de volta! Agora também com assinatura da jornalista Victoria Vajda, a co-autora do livro "Música para...".

Matérias, textos, críticas, vídeos (muito vídeos)... Muitas novidades ainda vão rolar!

Tudo para quem gosta de ver, ouvir e ler música!