A idéia que gerou o livro "música para..." agora continua em versão blog. Matérias, entrevistas, fotos, opiniões. O blog que contempla a música.

sábado, 17 de novembro de 2007

Aposta_ Alê Vianna


Música e asas


por Josie Moraes


Publicidade e arte. A criatividade pode ter diversas formas, fôrmas e asas. Em mentes criativas surgem músicas e harmonias que ajudam a contar a história do novo século. Alê Vianna é nitidamente intuitivo, inspirado e um excelente contador de histórias. Carrega o violão nos churrascos e ouve música brasileira sem preconceito. Autodidata, entre o trabalho numa agência, partidas de futebol e encontros musicais, ele compõe e toca na banda Mojito Experience. Já com algumas apresentações na trajetória ele compõe letras inspirado por livros, reflexões sobre a sociedade e o universo jovem. Tudo bem hibridizado e influenciado.


Parte da juventude que espera um dia poder viver só de música, com o dinheiro do caminho paralelo, investe um pouco em equipamento para ajudar o estúdio improvisado na casa de Gui, baterista da banda. Mesmo lugar da reunião de um projeto de música experimental em uma grande jam session, o Kazasu. Batalha difícil e incansável nos grandes e pequenos centros urbanos repletos de espinhas de peixe*. Junto com centenas de outros músicos, pode contar com a ajuda da internet para divulgar o trabalho. Mas só de talento não vive a música. Democracia e carisma são necessários. Cantar aos ouvidos requer sentimento e sensibilidade, muitas vezes mais do que técnica e virtuosismo. Carisma não se aprende, a música sim.


Por isso, é uma aposta. Sem gravadora, sem produtor, ainda em fase de gravação. Mas experimentalmente são donos de funk, levadas dançantes e letras como a de “Horário eleitoral”, que deveria ser um verdadeiro hino para quem está inconformado com o País.

Aguardem notícias na RAIZ.


Vale a pena!

Eu aposto e você?






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* No filme Bye Bye Brasil (Cacá Diegues) espinhas de peixe significam as antenas de televisão que começavam a adentrar as casas do brasileiro na década de 80, tirando o encanto pela arte de rua.


domingo, 4 de novembro de 2007

Vale a pena_Vange Milliet


Mulher, menina, mulherão


por Josie Moraes
Foto de show: Renato Missé
Foto making of de livro "Música para...": Josie Moraes


São milhares de vozes bonitas existentes nesse Brasil, perdidas do grande público e achadas por pequenas parcelas de apreciadores musicais. Vange Milliet é um destes talentos indiscutíveis, tem tudo. Presença de palco, voz doce, parceria com gente boa, pesquisa e repertório cultutal. Já foi publicitária, trabalhou com fotografia e cantou em coral. Mãe dedicada quase teve o filho no meio de um show. Ora parece ter 23 anos ora mais de 30. Em uma noite gostosa em São Paulo recebeu com muita simpatia duas aspirantes de jornalismo para horas e horas de bate-papo. Vange Milliet ficou conhecida por acompanhar Itamar Assumpção com a Isca de Polícia em longos e bons anos. Rodeada por Zeca Baleiro, Bocato e Chico César, entre outras peças, seus CDs contam sempre com pitadas refinadas dos amigos.


No palco se transforma em um mulherão com própria identidade e aquele sorrisinho preso no lábio enquanto canta. E como canta. Na reflexão sobre a produção cultural do País tem opinião formada. "Eu acho que música popular brasileira é toda música que é feita aqui. Não tem restrição. A nossa música é diferente de qualquer lugar do mundo. Coisas que estavam até desaparecendo agora as pessoas agora têm até o orgulho som", afirma Vange.


No terceiro CD da carreira, Tudo em mil anda a mil (2006) ela mostra identidade e influências de bumba-meu-boi, bossa-nova, rock, samba e eletrônico. Destaque para a interpretação de "Morena de Angola" de Chico Buarque e para a leveza dos acordes de "Qualquer um". Em "Tudo a mil", uma balada gostosa inspirada em uma poesia de Paulo Leminski. O trabalho se resume em dois adjetivos misturados oportunamente: delicado e envolvente. Elementos modernos misturados com nostalgias sem a pretensão de estar na onda para vender. "Agora existem imposições do tipo: agora a moda é usar eletrônico ou ter música nordestina. Então todo disco tem que ter. Quando vira obrigação me cansa, acabo indo para o outro lado", confirma. Mais uma voz feminina que merece toda a atenção de ouvidos dispostos à boa e nova música brasileira. E vale a lição. Nem sempre é preciso estar sob a luz do holofote para um músico se sentir realizado.


Site oficial de Vange Milliet!

Cobertura_Incubus


Esperando mesmo

* texto e fotos por Josie Moraes

A ansiedade geral já era visível na porta do Citibank Hall, em 14 de outubro. A fila dobrava o quarteirão horas antes do show da banda Incubus. Aquela situação básica: estacionamentos enfiando a faca, cambistas em busca de ingressos sobrando. Há tempos uma banda de rock não lotava tanto a casa de shows mais intimista e mais gostosa de São Paulo. E os fãs? Tinha de tudo. O mais importante sobre essa questão fora do palco é a cara da galera, os bracinhos estendidos esperando o tão aguardado momento, os gritos para chamar a banda, a vibração ao apagar as luzes e os aplausos enlouquecidos ao ver o rostinho de cada músico chegando ao palco. Muito além do ineditismo, uma espera ansiosa por algo que não acontecerá em qualquer esquina, todos os finais de semana. Algo que nem os caras da banda deviam imaginar quando começaram.

Tocar rock no Brasil, na terra do samba. Comentários extras do universo ao redor a parte, o palco tão simples e negro deu espaço para mostrar o trabalho dos músicos: a música. Sem parafernálias e blá blá blá, a banda já chegou dando boas-vindas com uma do Morning View (2001), a "Nice to Know You". Depois seguiu com a mais popular do mesmo álbum “Wish you were here”. Agradaram os fãs da primeira vez com uma mistura de hits e nem tão hits dos quatro CDs mais legais dos seis já lançados. Set list impecável.

Histeria total pelo sensual Brandon Loyd, que canta ao vivo sem qualquer sombra de cansaço, dança e conversa bem pouco. Mas ele não rouba a cena totalmente não, sabe dividir um palco. Marcante a alegria do baixista Ben Kenney. Impressionante a atuação do mestre dos climinhas DJ Chris Kilmore. Perfeita as viradas do baterista Jose Pasillas e seus contratempos malucos. Pesados e inconfundíveis os riffs e solos de Mike Einziger. De lambuja um improviso, até batuque eles tentaram fazer com um tambor. Nada excepcional, mas muito válido. Atitude. Mostram respeito pela musicalidade sem clichês a la Bono Vox. Disseram “Olá São Paulo”, “Obrigado”, “Vamos lá”. E só. Quando a pegada forte e o tesão estão estampados na testa, não é preciso falar nada. Não é feita por brasileiros, mas é para brasileiros também. Fizeram um show com todos os requisitos para se tornarem inesquecíveis. Tem muito músico brasileiro aí que deveria ver e aprender. Simplicidade, talento, dinâmica afinada (nada muito alto nem baixo), sinergia e presença de palco, criatividade, respeito. Por essas e outras o povo brasileiro espera, paga o preço que for, compra CD, alimenta a banda. Falar menos e fazer mais!


Site oficial!
Ouça na Rádio UOL!

Nome do blog


De onde veio?


por Josie Moraes


Pois é, decidi ter mais um blog. Tive vários e parece que a coisa estava na minha cara e eu não queria ver, ou melhor, escutar...

Em 2006, tive a oportunidade de escrever um livro-reportagem fotográfico sobre música junto com a jornalista Victoria Vajda, intitulado de "Música para...". Trata-se de um mergulho na vida de alguns músicos na cidade de São Paulo. A obra se propôs também a tornar viva uma reflexão sobre o que é, enfim, a música popular brasileira, que preferimos chamar de música do Brasil produzida por brasileiros. Os capítulos formavam uma ironia referente a sigla MPB: Música para... bares, música para.. bem-estar, música para.. batucar, música popular do Brasil. Daí vem o nome do blog.Tivemos a grande oportunidade de contar com diversos músicos, musicólogos, jornalistas e estudiosos. Além de 12 fotógrafos fantásticos do
Projeto Rolê.

O resultaram foram 100 páginas de pura dedicação em mais de 80 fotos e textos escritos com base em muita pesquisa e entrevista. Agora, jornalista formada, ralando, batalhando um lugar dia-a-dia no concorrido campo do "jornalismo musical".Por que não continuar?O espaço está aberto para todos estiverem a fim de falar de música. Praticamente uma revista de blogosfera.


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